sexta-feira, 29 de março de 2019

Dia de guerra


Hoje foi um dia de guerra,
batalha dura, batalha interna.
Não sei o que me espera,
muita coisa, uma nova era.

Um mundo onde eu tenha paz,
é o que eu desejo e nada mais.
Um lugar tranquilo e maravilhoso,
onde eu quero construir meu cafofo.

Talvez um dia eu te veja,
talvez amanhã, talvez próxima sexta.
Mas de uma coisa eu tenho certeza,
ao te ver sempre ficarei surpresa.

Pois minha alma ainda te recorda,
meu corpo ainda te quer.
E meus olhos ao te verem,
querem você como é.

Como o homem incrível que conheci,
o cavalheiro que me presenteava.
Mas nunca aquele cafajeste,
que me humilhou, me fez a culpada.

Culpada por ter te amado,
culpada por ter amado outro.
Eu não podia escolher,
chorava por dois, sentia por quatro.

Algo eu deveria fazer,
e por isso estou a escrever,
Pois hoje eu me decidi,
e não vou sofrer a partir daqui.

Vinte e nove de março
é um dia muito importante.
O dia em que fui forte, corajosa,
e quase desabei por um instante.

Hoje é o dia que eu proclamo
a minha grande vitória,
Hoje eu te esqueço, te supero
te enterro, sem demora.

Foi difícil, mas consegui,
longa a caminhada, mas eu a percorri.
E agora estou aqui,
pra contar o que vivi.

Apesar de ter sido bom,
foi o momento mais duro da minha vida.
Apoio eu ganhei,
e finalmente te dedurei.

Faltou-me ar por um momento,
mas enfim já estou percebendo
que foi melhor assim,
não para ele, mas para mim.

Playlist (29/03/2019)

Os Roxos em Meu Corpo

Uma releitura (uma outra versão) de um poema feito por Pedro Bandeira, em 'A Marca de Uma Lágrima'.

E o meu ex o que diria
se eu partisse?
O que diria se estas palavras
nunca ouvisse?

O que teria em suas mãos
senão um corpo maltratado?
Cheio de machucados, de tristeza,
de quem tentou ser amado.

Mas não tema, meu querido,
que você seja intimado.
A lei nunca funcionou
para uma jovem apaixonada.

Pois você me ameaçou, humilhou,
me fez querer estar morta.
Mas meu coração te amou, cuidou,
e fez de teu corpo minha morada.

Haja o que houver, do meu medo,
este garoto foi o rei.
E digam a ele que, triste e apaixonada,
eu sempre o perdoarei.

Os roxos em meu corpo testemunham
que eu o desejei completamente.
Em suas mãos depositei o meu corpo,
e o beijei lentamente.

Assinei com o meu sangue
cada verso que lhe dei.
Como se fossem todos os tapas
que eu ainda não levei.

Mas o monstro que você é me enganou,
foi ruim, egoísta, psicopata,
foi mentiroso me fazendo promessas falsas,
foi covarde que me amando, nunca amou!

quarta-feira, 27 de março de 2019

Você não pode escolher por quem se apaixonar,
não pode tentar controlar as coisas,
mas a gente pode pôr um fim quando nada mais valer a pena.

terça-feira, 26 de março de 2019

segunda-feira, 25 de março de 2019

Daniela

          Daniela não tinha outra escolha. Se não ela, quem a amaria incondicionalmente pelo resto de sua vida? Mas seu inimigo, a voz masculina que sussurrava em seus ouvidos e invadia seus pensamentos, nunca a deixaria livre tão cedo.
          - Por que ainda tenta fazer amigos novos e se apaixonar? - alguém falava baixinho, para que só ela pudesse ouvir. - Tão feia, tão chata, quem iria querer-te? Nem inteligente tu és.
          Ela não poderia fingir que não ouvira, nem tentaria abafar o som com música, estava em sua mente. Rodeava seus pensamentos mais profundos e ainda sim parecia que as palavras estavam sendo pronunciadas por alguém ao seu lado.
          A menina entrou no banheiro e se trancou. Então tudo ficou em silêncio, por um, dois, trinta minutos. Passaram-se horas até que Daniela ligasse o chuveiro e ouvisse o som da água cair. Ela entrou debaixo do chuveiro e deixou que a água fria molhasse seu corpo, aquele mesmo corpo que já foi tão criticado, tão humilhado, e não por outro alguém, mas por ela mesma.
Ela saiu do banho, olhou para o espelho e pegou as lâminas de barbear de dentro do armário, mas ela não se cortou. Apesar de querer acabar com tudo quando os dias estão mais difíceis, ela sabia que não o faria, nunca o faria. Mais uma vez, as pílulas para dormir que sua mãe usava não ajudariam muito, ela não tinha o que fazer.
          Olhou-se no espelho por uma última vez, e então foi ao seu guarda-roupa e escolheu o melhor vestido para vestir e os melhores sapatos para calçar. Deixou o seu longo cabelo solto, coisa que não fazia normalmente, e fez uma maquiagem impecável, digna de uma princesa. E então, sem nem mesmo checar como estava, ela pegou sua bolsa e saiu.
          Daniela já não iria mais se importar se a chamassem de bicha. Não iria ficar tão mal se o garoto que ela estava a fim a rejeitasse. Pois, quando se olhou no espelho, ela viu pela primeira e última vez a imagem de quem estava em sua cabeça. Ela nunca tinha o visto, mas ela sabia que era ele. Nunca foi uma voz desconhecida, nem mesmo alguém que ela conhecesse, era simplesmente ela mesma. Tão profunda e misteriosa, que nem ela poderia se conhecer completamente, mas ela estava disposta a aprender a se enxergar de outra maneira, disposta a ser quem ela queria ser.
          Daniela que já foi Daniel. Por muito tempo ela pensou nunca conseguir ser quem era de verdade, pensou que nunca iria poder se sentir linda do jeito que ela queria. E ela sofreu sozinha, chorou sozinha, mas foi com sua própria força - a mesma força pensou não ter - que ela se reergueu e se superou, e principalmente, se amou.
          E quando questionaram de sua atitude, ela apenas sorriu e disse:
          - Eu precisava ser eu mesma.